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sábado, 17 de março de 2012
Análise: Resident Evil Revelations (3DS)
Uma das características mais marcantes da série Resident Evil vinha sendo perdida cada vez mais a cada novo jogo lançado: a sensação de medo, de terror. Aos poucos, a série vinha deixando de ser um survival horror e se aproximava de ser um shooter genérico. O terror estava dando lugar à ação, e isso desagradou a grande parte do público fã das histórias de Jill e Chris.
Quando o lançamento de um novo Resident Evil, para Nintendo 3DS foi anunciado, a Capcom fez uma promessa para seus fãs; segundo a desenvolvedora, o terror estaria de volta em REvelations. E a promessa foi cumprida: toda a ambientação a bordo do Queen Zenobia parece ter sido criada com o intúito de criar uma atmosfera claustrofóbica, cada canto parece potencialmente perigoso e assustador. Os momentos em que o jogador controla Jill são como uma grande homenagem aos primeiros jogos da série: diversas salas do navio, por se tratar de cruzeiro de luxo, lembram e muito os ambientes vistos na Mansão Arklay (do primeiro Resident Evil).
Não é nada difícil se pegar com aquela sensação de medo ao entrar em uma sala mal iluminada, ou quando o tom das músicas simplesmente muda. Ou, pior ainda, quando as coisas estão calmas demais. Isso sem contar que os Oozes, como são conhecidos os homens infectados pelo T-Abyss, têm a capacidade de se liquefazer e, dessa forma, circular por tubos de ventilação e até mesmo por ralos. É isso aí, nenhuma sala pode ser segura quando seu inimigo pode simplesmente deslizar por debaixo da porta. E olha que esses são apenas alguns exemplos.
Uma nova ameaça
Um dos jogos mais aguardados desde o anúncio do 3DS, Resident Evil Revelations conta a história de como a BSAA se firmou como uma força mundial de combate ao bio-terrorismo. Depois de 11 anos de trabalho duro, finalmente era inaugurada a cidade flutuante de Terragrigia, construída para ser a primeira cidade do mundo a suprir sua população unicamente com energia solar. Porém, no ano de 2004, o grupo terrorista conhecido como Il Veltro lançou um ataque sobre a cidade fazendo uso de armas bio-orgânicas, os B.O.W.s.
Foi a primeira vez que a existência desse tipo de arma veio a público. Após o caos ter sido instaurado na cidade, o líder da FBC (Federal Bioterrorism Commission), uma organização secreta financiada pelo governo europeu que visa o combate ao bio-terrorismo, ordenou que o satélite usado para ajudar a abastecer a cidade com energia solar focasse toda a sua potência em direção à cidade, transformando-se em uma arma. Em poucos minutos, Terragrigia foi totalmente destruída junto de todos os sinais de armas bio-orgânicas, vírus e do grupo terrorista Il Veltro. Esse evento ficou conhecido mundialmene como o “Pânico em Terragrigia”.
Falando em vírus, em REvelations não combatemos zumbis propriamente ditos. Cientistas desenvolveram um novo vírus, que misturava o T-Virus com características de um parasita encontrado nas profundezas do mar. Essa nova arma-biológica ficou conhecida como T-Abyss. Anos depois do incidente em Terragrigia, estranhas criaturas começam a ser encontradas na costa do mediterrâneo. Jill Valentine e seu atual parceiro, Parker Luciani, são enviados para investigar, e logo descobrem que Chris e sua parceira Jéssica perderam contato com o Quartel General da BSAA em algum ponto no meio do mediterrâneo, levando a crer que poderiam estar em um navio. A dupla parte, então, para o meio do mar e encontra o navio conhecido como Queen Zenobia. E é aí que começa a história de Resident Evil: Revelations.
Anteriormente, em Resident Evil Revelations
Por se tratar de um jogo para console portátil, REvelations traz um sistema de autosaves que caiu como uma luva; não é mais necessário correr atrás de máquinas de escrever para salvar o seu progresso, o jogo faz isso por você. Além disso, a história é dividida em vários capítulos de forma bastante semelhante à vista em Resident Evil 5. Mas o legal mesmo é que agora o jogo conta com um resumo da história a cada início de capítulo (ou a cada vez que o jogador liga o jogo novamente) com direto a um “Previously on Resident Evil Revelations” e tudo! Sensacional!
Ação e novidades na medida certa
Apesar de uma grande quantidade de fãs terem reclamado do fato de que Resident Evil 4 e 5 serem jogos muito mais rápidos, focados demais na ação, o novo esquema de jogabilidade agradou a muita gente. E, sabendo disso, a Capcom não poderia simplesmente deixar esse seu novo público de lado; em REvelations, quando o jogador não está no controle de Jill, a coisa toda fica muito mais frenética. Durante as fases protagonizadas por Chris, os ambientes são, geralmente, áreas abertas e repletas de inimigos por todos os lados. Também há vários momentos em que o foco da história sai um pouco do Queen Zenobia e o jogador encarna personagens como os carismáticos Quint e Keith. Sem contar os flashbacks que ajudam bastante a contar toda a história.
Alguns novos elementos foram adicionados para ajudar a tornar a experiência de jogo mais interessante e imersiva. Um bom exemplo é o Genesis Scanner, um aparelho capaz de encontrar determinados itens escondidos no cenário. Algo assim cai muito bem em um jogo onde sua munição pode acabar a qualquer momento. Além disso, ele tem a função de tornar o jogo um pouco mais exploratório, visto que fatalmente o jogador vai ser pegar escaneando cada pedacinho de cada sala que visitar em busca de ervas ou munição.
Outra adição muito bem vinda foi o uso da tela de toque não apenas para trocar de armas e ver o mini-mapa, como Resident Evil: The Mercenaries 3D, mas também para acessar o menu de itens e visualizar o mapa completo do cenário em um modelo em 3D. Também é possível mudar a arma secundária, podendo escolher entre uma faca e diversos tipos de bombas, e alternar entre as armas principais e o Scanner com apenas um toque.
O modo Mercenaries, que vinha marcando presença em todos os jogos principais da série desde RE3, ficou de fora em REvelations. Mas isso já era de se esperar, visto que esse modo de jogo ganhou seu próprio game para 3DS no ano passado. Porém, REvelations tem um modo multiplayer tão bom quanto o tradicional modo dos mercenários: dessa vez os jogadores poderão cooperar no RAID Mode. Aqui não há a habitual corrida contra o tempo, pelo menos não de forma explícita; o objetivo no coop de REvelations é derrotar os inimigos de forma rápida, errando o menor número de tiros e levando o mínimo de dano possível. Grande parte do elenco do jogo está disponível no RAID mode, e a maioria tem ao menos um traje variante. Esse modo está disponível não apenas em rede local ou online, mas também no modo single player.
O direcional extra
Muito se falou quando a Nintendo anunciou um novo acessório que acrescentaria um Circle Pad extra ao 3DS visando melhorar a experiência de jogo em alguns games específicos. Em RE, por exemplo, um segundo direcional seria de grande ajuda na hora de mirar, assim como é feito nos controles dos consoles de mesa. Várias pessoas reclamaram dizendo que o acessório era desnecessário e/ou que deveriam ter pensado nisso antes de lançar o portátil com apenas um direcional.
Polêmicas à parte, a utilização do Circle Pad Pro torna toda a experiência de jogo ainda mais intuitiva, principalmente no que diz respeito a andar e atirar ao mesmo tempo. REvelations tem suporte ao novo acessório, mas o uso dele não é obrigatório. Testamos o jogo com e sem o direcional extra, e constatamos que, apesar de o acessório melhorar bastante a jogabilidade, o seu uso não é imprescindível. É perfeitamente possível jogar com apenas um direcional, principalmente após algumas horas de jogo. Mas que tudo fica mais fácil com dois analógicos, fica.
Os gráficos e as conquistas
Desde o momento em que as primeiras imagens do jogo começaram a pipocar internet a fora, já era possível perceber que REvelations tinha potencial para ser o jogo mais bonito do 3DS. O acabamento gráfico não apenas dos cenários e personagens, mas também das cutscenes chamaram a atenção para o poder que o 3DS tinha para exibir gráficos de boa qualidade. Pode parecer exagero, mas o jogo é facilmente comparável aos consoles HD, pelo menos graficamente falando. Tudo é muito detalhado, muito bonito. O único “porém” talvez seja a falta de movimentação facial dos personagens in-game, mesmo quando estão dialogando.
O sistema de conquistas do jogo funciona de um jeito bastante interessante: algumas ações feitas pelo jogador no modo campanha refletirão diretamente no modo cooperativo e vice-versa. Ou seja, se você conseguir completar o objetivo mostrado em uma das missões do modo RAID pode ser que você receba munição extra para o modo campanha. Ou uma erva, ou uma arma. Encontrar pessoas via StreetPass também rende alguns suprimentos, representados por um paraquedas com uma exclamação. Outra coisa muito interessante é que quando duas pessoas jogarem juntas no modo RAID, elas aparecerão nos cartuchos um do outro como B.O.W.s com direito a cartinha pedindo misericórdia e tudo!
Vale a pena jogar de novo
Ao término do modo normal da campanha, o jogo abre a possibilidade de reviver a história em um modo com um nível de dificuldade um pouco elevado, o Hell Mode. Aqui, a quantidade de munição disponível nos cenários cai drasticamente, além de os inimigos serem mais resistentes e causarem mais dano. Pra compensar um pouco essa dificuldade acima da média, todo o seu armamento e munição são herdados do jogo anterior.
Com REvelations, a Capcom conseguiu atingir (e agradar) a todos os públicos de Resident Evil: aqueles que veneram o terror, os que adoram ação e, como não poderia deixar de ser, aqueles que adoram um bom jogo. E é exatamente isso REvelations é, um jogo que consegue equilibrar muito bem diferentes ritmos de jogabilidade, sustentado por uma história digna de um jogo da série principal. Depois de terminado o modo campanha é que se percebe que os desenvolvedores não estavam brincando quando disseram que REvelations poderia muito bem carregar um número em seu nome e ser um dos jogos da série principal.
Com um gameplay bem balanceado, personagens interessantes e cativantes, várias reviravoltas e uma história cinematográgfica, Resident Evil Revelations se firma não apenas como um dos melhores jogos do 3DS, mas também como um dos melhores Resident Evil lançados até hoje.
Por Rodrigo Estevam
Adaptações: Talles F.
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